"A noite de Natal é um símbolo do amor
paterno.
As crianças estão à roda da árvore e tudo é alegria buliçosa e beleza cintilante. O
fulgor da árvore ilumina também a mãe e fá-la aparecer mais encantadora.
O pai, porém, está na sombra. Chegou em
primeiro lugar e deve ir-se embora imediatamente.
Beija-se a mão da mãe, mas mal se
repara no grande amor do pai, apesar de ter sido ele quem trouxe a árvore, os
enfeites e os presentes. Este é o destino do pai ao longo da vida ....
No
entanto, não se deve pensar que, por este motivo, fiquem os pais amargurados ou
ciumentos.
Sabem
muito bem que o Criador lhes designou uma função diversa da que tem a mãe, e
que uma grande verdade se esconde no ditado húngaro: “Dos quatro cantos da
casa, três pertencem à mãe e só o quarto é do pai”.
Este
livro não pretende de modo nenhum diminuir a dignidade do pai. Sabemos que a
mão firme do pai é indispensável na educação dos filhos, mas a sua vida é
outra. A sua figura ilumina-se na sua desinteressada dedicação; traz o jugo do
trabalho diário e pela sua fronte corre o suor. As suas mãos calosas e as rugas
da sua fronte cantam uma canção que não é tão delicada como a canção da mãe
mas é de todo necessária. O pai é a coluna que sustenta o edifício familiar, a
sua força, o seu construtor, além de ser o seu defensor e o seu paladino.
Para
os filhos, é o protótipo do homem, com um não sei quê de seriedade e de
majestade. Se quiséssemos diminuir a dignidade paterna, teríamos de fazer calar
os grandes testemunhos da história -
o próprio poeta Horácio confessava dever tudo a seu pai.
A
mãe é a primeira que presta homenagem ao pai, que conta aos filhos o muito que
por eles trabalha e se afadiga, lançando deste modo os fundamentos desse
respeito de que a família precisa para subsistir".
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Cardeal MINDSZENTY. A Mãe, 2ª ed., Lisboa: Aster, pp. 62-63.
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