Léon Bloy (1846-1917)
"O
menor dos nossos atos ecoa em profundidades infinitas e faz estremecer todos os
vivos e todos os mortos, de modo que cada um dentre os milhões de seres humanos
está, realmente, só diante de Deus. Tal é o abismo de nossas almas, tal é o seu
mistério. Nossa liberdade é solidária ao equilíbrio do mundo e isto é
necessário compreender para abarcar sem espanto o mistério da Reversibilidade,
designação filosófica do grande dogma da Comunhão dos Santos. Todo homem que
produz um ato livre, projeta a sua personalidade no infinito. Se dá de má
vontade um níquel a um pobre, esse níquel fura a mão do pobre, cai, atravessa a
terra, rompe os sóis, alcança o firmamento e ameaça o universo. Se comente um
ato impuro, obscurece talvez milhares de corações que não conhece, que
correspondem misteriosamente a ele e que têm necessidade de que esse homem seja
puro, como um viajante que morre de sede tem necessidade do copo d'água de que
fala o Evangelho. Um ato caridoso, um movimento de piedade verdadeira, canta em
seu favor os louvores divinos, desde Adão até o fim dos séculos, cura os
doentes, consola os desesperados, apazigua as tempestades, resgata os cativos,
converte os infiéis, protege o gênero humano".
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Citado por
F. PEIXOTO FILHO. “Léon Bloy ainda
desconhecido”, in. Revista A Ordem, Rio de Janeiro, Vol. LIV - Dezembro de
1955 - N.6, p. 56.
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