quarta-feira, 7 de novembro de 2018

A FAMÍLIA COMO LAÇO DE AFETO


“A família é o laço de afeto que dá à sociedade em que vivemos o caráter de pátria, e quando essa ideia se agita em nossa mente e em nosso coração, é que nele se agitam, dando consistência e substantividade ao conceito, as noções e as lembranças do lar, e as reminiscências da infância envoltos nas carinhosas repreensões do pai e os jogos alegres dos irmãos e as lagrimas e abraços da mãe”.
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Pe. LUIS CHALBAULD (S.J). La familia como forma típica y transcendental de la constitución social vasca, p. 45.


sábado, 3 de novembro de 2018

SINTOMAS DE UMA SOCIEDADE SEM ESPERANÇA


“Ao não promover a esperança sobrenatural, a escola abandona o aluno em dois extremos igualmente lamentáveis: o desespero e a presunção. A delinquência juvenil, o suicídio, são sintomas de uma sociedade sem esperança”.
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Frei Alberto García Vieyra O.P. Política Educativa, Buenos Aires: Librería Huemul, 1967, p. 125.

A ESCOLA COMO LUGAR RESERVADO À CONTEMPLAÇÃO


“Nossa palavra Escola - Sjolé em grego, schola em latim - não significa outra coisa senão ócio, e este, como vimos, não tem a ver com as pausas laborais, com as folgas ou as horas livres entre uma tarefa e outra. É a atitude da alma pela qual a alma vê, eleva-se e reencontra-se com a Ordem Criada. A atitude superior e personalíssima que para além dos afazeres diários nos revela a harmonia da existência, às vezes silenciosa, mas sempre presente onipotência de Deus.
Com efeito, a Escola possui, por natureza, um significado cultual, religioso e até sacro. É por eminencia o lugar reservado à contemplação, ao cuidado da vida interior e à elevação da inteligência. O lugar onde se cultiva e preserva o divino que habita em cada criatura, a imagem e semelhança do Criador. Na Escola é onde o homem se religa com Deus buscando a Sabedoria, e encontra no Mestre o exemplo de um lento e repousado exercício das potencias da alma”.
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Antonio Caponnetto. Pedagogía y Educación: la crisis de la contemplación en la Escuela Moderna, Colección Ensayos Doctrinarios, Buenos Aires: Cruz y Fierro Editores, 1981, pp. 16-17.


A ORAÇÃO


O mais importante é a oração: eis que chega o tempo de orar e de agradecer.
Certa mãe que pressentiu a chegada de um novo ser disse-me que deveria rezar por ele, para que todos os latejos do seu coração pertencessem ao filho. Fiquei surpreendido e a pensar nas razões por que toda a mãe deve rezar pelo bem do seu filho nesta vida e no reino da graça. Talvez porque todo o universo esteja compreendido na oração da mãe que reza.
Donna Música, depois da batalha de Monte Branco que o marido venceu, ajoelhou-se na igreja de São Nicolau, pensando no filho que trazia no seio e rezou:
“Ó meu Deus, que bem se está neste lugar e que
alegria estar aqui convosco! Em parte nenhuma se
poderia estar melhor.
“Não é preciso dizer nada. Basta trazer-vos o meu
rude ser e ficar em silêncio aos vossos pés.
“O segredo que se oculta no meu coração, só Vós
o conheceis. Só Vós compreendeis o que é dar a vida.
Só Vós partilhais comigo deste segredo da minha
maternidade:
“Uma alma que faz outra, um corpo que alimenta
outro corpo, em si mesmo, da sua substância.
“O meu filho está em mim e ambos estamos unidos
a Vós.
“E juntos rezamos por este pobre povo desorientado,
ferido e despedaçado que· me rodeia para que se
deixe curar e compreenda os conselhos do inverno, da
neve e da noite.
“Coisas que noutros tempos eu não teria compreendido,
antes de ter em mim este filho, quando a
minha alegria estava fora de mim”.
Que a cólera, o medo, a dor e a vingança,
abram caminho às mãos carinhosas da neve e da
[noite.
(Paul Claudel)
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Cardeal MINDSZENTY. A Mãe, 2ª ed., Lisboa: Aster, pp. 95-96.


O VALOR DO SILÊNCIO


Um grave autor, escrevendo um livro sobre o martírio diz que o casamento é um, pelas mil consumições que consigo acarreta, antes, diz ele, tenho por certo, de muitos mártires que veneramos sobre os altares terem sofrido muito menos, do que sofrem muitos casados e casadas. Terão tribulações, diz São Paulo, terão tribulações. Quando aquele felicíssimo e castíssimo consórcio de Maria e de José as teve, e tamanhas, como foram cruéis suspeitas e desconfianças, pensamentos de divórcio, mágoa da perda do menino Jesus, e tantas outras, quanto mais agora o casamento dos pecadores?
Portanto, quem se casa abrace-se logo, com a sua cruz, e quando vier qualquer sofrimento, vá dizendo: Eu já sabia. Para isto é que me casei. E fique em sossego, paciente, resignado, possuindo sua alma na paz.
Portanto, quem se casa abrace-se logo, com a sua cruz, e quando vier qualquer sofrimento, vá dizendo: Eu já sabia. Para isto é que me casei. E fique em sossego, paciente, resignado, possuindo sua alma na paz.
Evitem-se com todo o cuidado entre casados altercações vergonhosas, polémicas ásperas, palavras descorteses ou de desprezo; antes tratem-se sempre com suma atenção, respeito, polidez e carinho. Que todo azedume, cólera, indignação, rixa, maledicência, e toda malícia seja banida dentre vós, diz S. Paulo; e ainda: Seja toda palavra boa, útil, edificante, própria a dar a graça aos que a escutam. (Efésios IV, 31, 29.1)
Antes quebrar por si e ter a paz, do que sustentar vãos caprichos, que metem a desordem na família. O segredo de manterem-se os casados em santa concórdia e constante harmonia é suportarem um ao outro os seus defeitos, não apurando agravos, antes relevando muita cousa e, calando, quando a prudência manda calar.
A ira é, muitas vezes uma faísca; mas diz o sábio: Se soprais a faísca, sairá dela um fogo ardente; se cuspis em cima, se apagará; e a boca é que faz uma e outra cousa; (Ecl. XXXVIII, 14) assim a língua acende ou abafa as contendas. Se não lhes pondes cobro, a faísca torna-se logo brasa, a brasa labareda, a labareda incêndio. As palavras vão se precipitando, como levadas de engenho em se lhe abrindo a corrediça. Guardar, pois, silêncio é o melhor alvitre.
Os que acharam este segredo vivem contentes e em paz no seu estado. Referem os autores, a este propósito, o caso gracioso de uma coitada, que se foi queixar mui magoada ao seu Padre espiritual dos desabrimentos do marido. "Logo que me entra em casa, disse, é uma tormenta desfeita de impropérios e de injúrias; renovam-se todos os dias estas cenas violentas, com grandes clamores, que atordoam e escandalizam a vizinhança.
Ando consumida, já me é insuportável a vida; dizei-me, Padre, o que devo fazer em tão angustiosa situação?"
O Padre, depois de ouvi-la com toda paciência, foi buscar um frasco de água e lho entregou dizendo: "Esta água fará o milagre. Todas as vezes que teu marido entrar colérico, e começar a maltratar-te de palavras, toma um pouco desta água na boca, e aí a conservarás até que ele se tenha calado. Verás que a água que te dou tem singular virtude".
Fez a mulher exatamente como lhe dissera o Padre, e observou que depois que tomou a água na boca, a ira do marido como que se amainou mais depressa. No dia seguinte, mesmo proceder, mesmo resultado. As cóleras do marido foram-se tornando cada vez menos duradouras e menos frequentes, até que enfim cessaram de todo, e reinou a paz no pobre casal.
Foi a mulher ao Padre, toda jubilosa, agradecer o portentoso efeito daquela água.
"A água, mulher, só teve uma virtude, e não pequena", respondeu o Padre: "foi a de fazer-te calar; pois em quanto a tinhas na boca, não podias proferir palavra. A este silêncio, e só a ele, deves o benefício da paz e concórdia que logras com teu marido. "
Se quando um se agastasse, o outro se calasse, nunca haveria dissenções nas famílias.
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D. Antônio de Macedo Costa (1830-1891). O Livro da família: ou explicação dos deveres domésticos segundo as normas da razão e do Cristianismo. 3ª ed., São Paulo: Paulinas, 1945, pp. 85-86.