Pe. Leonardo CASTELLANI (1899-1981)*.
Centralização
significa a absorção de toda a atividade dos corpos intermediários e mesmo dos
indivíduos pelo Estado. Esta absorção cresce desde a famosa francesada de 1789
até hoje, de modo que é possível dizer que hoje todos os Estados são tiranias.
O maior ladrão de qualquer Estado é o Governo. O publicista Bertrand de
Jouvenel, em seu denso tratado O Poder,
compreende que essa absorção é inevitável no Estado; que o agigantar-se é
essencial ao Estado. Deveria ter acrescentado a condicionante: a menos que outro
não o impeça. Com efeito, a função natural dos poderes parciais e relativos
(Família, Município, Grêmio, Dinheiro, Universidade, Exército) é limitar o
poder, em si açambarcador, do Poder Central.
Hoje em dia o Estado
faz de tudo, menos, às vezes, o que deveria fazer. De sapateiro a construtor de
casas, o Estado se mete em tudo... Você não pode publicar um livro sem ter o
Fisco em cima. O Fisco sangra toda a atividade produtiva e inclusive monopoliza
a maior parte das atividades produtivas.
Mas onde o Estado se
mostra mais zeloso e por isso mesmo mais danoso é no Monopólio do Ensino. O
Estado é o mestre de part Dieu – que
digo? -, é o Mestre dos Mestres, o Mestríssimo. Direta ou indiretamente é o que
transmite a - chamemo-la assim – Educação, diretamente nas escolas ‘publicas’,
indiretamente nas escolas mal chamadas ‘privadas’.
Esta aberração de o
“Político” se meter a reger ou a fazer o que não lhe corresponde, sem aptidão, nós
copiamos da Terceira República francesa e esta copiou de Juliano, o Apostata,
com o fim de perseguir a Religião. Napoleão também o fez, mas com fim diverso.
É o dogma mais acariciado do futuro Estado socialista e é o credo do
Anticristo. Os pais têm o dever e o direito de educar seus filhos; a Igreja tem
a missão de ensinar a religião. O Estado é político e não educador, a não ser
para subjugar a educação à política, e nesse caso, à infidelidade. “Greve dos trabalhadores da Educação”. Este
enunciado grotesco é a criada marota
que se tornou como que a divisa do Estado Educador. Está acontecendo aqui o se
passou na França, a saber: o Estado Anticlerical fundou a Escola Normal
Superior, que devia forjar todos os mestres superiores, e reservou para si o
poder de habilitar os mestres comuns. Queria fazer dos educadores os “soldados da República”, como se
expressou Jules Ferry, ou seja, aqueles que inocularam nas crianças indefesas o
laicismo e o anticlericalismo.
Com efeito, como
resultado lógico ocorreu que os mestres se fizeram comunistas, e começaram a
dar dor de cabeça à ‘República laica, una e indivisível’, com greve atrás de
greve começando por pedir ‘aumentos de
salário’...
Quando o dano ou o
escândalo se torna intolerável, o Governo cede e aumenta os salários e os
trabalhadores da Educação se reintegram ao trabalho de educar, depois de haver
dado o mau exemplo de deseducar. ‘Os soldados da República’.
Aqui neste país, o
monopólio da educação é responsável pela decadência da educação; e a decadência
da educação é responsável, em grande parte, pela decadência da República.
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*Prólogo ao livro Nociones de comunismo para católicos, de
Enrique Elizalde, In. Seis Ensayos y
Tres Cartas, Buenos Aires: Ediciones Dictio, Buenos Aires, 1973, p.
142-144.