"É a
mesma Natureza quem rodeia a mulher de filhos muito pequenos que requerem que
se lhes ensine, não qualquer coisa, mas sim todas as coisas. Os bebês não
necessitam aprender um ofício, mas sim que se lhes introduza a um mundo
inteiro. A criança é um ser humano capaz de fazer todas as perguntas possíveis,
e muitas das impossíveis. Se alguém diz que responder a essa criança insaciável
é uma tarefa exaustiva, tem razão. Se diz que é uma tarefa desagradável, admito
que pode ser tão desagradável como a de um cirurgião ou bombeiro. Em
contrapartida, quando alguém diz que essa tarefa feminina não somente é
cansativa, mas também trivial e odiosa, me é impossível entender o que querem
dizer. Se odioso quer dizer insignificante, descolorido e intranscedente,
confesso que não o entendo. Porque decidir e organizar quase tudo; ser ministra
da economia que investe e compra roupas, livros, materiais e comidas; ser
Aristóteles que ensina lógica, ética, bons costumes e higiene... Tudo isto pode
deixar a uma pessoa exausta, mas o que não posso imaginar é como poderia
fazê-la estreita e limitada. A maneira mais breve de resumir minha postura é
afirmar que a mulher representa a idéia de saúde mental, é o lar intelectual à
que a mente regressará depois de cada excursão pela extravagância. Corrigir
cada aventura e extravagância com seu antídoto de senso comum não é -como
parecem pensar muitos- ter a posição de um escravo. É estar na posição de um
Aristóteles ou de um Spencer, isto é, possuir uma moral universal, um sistema
completo de pensamento. Uma mulher assim tem que saber equilibrar muito para
consertar e resolver quase tudo, para adaptar-se ao que faz falta. E equilibrar
pode ser próprio de pessoas covardes, que se aconchegam ao mais forte. Mas
também define as pessoas de caráter nobre, que sempre se colocam ao lado do
mais fraco, como o marinheiro que equilibra um barco sentando-se onde há
necessidade de seu peso. Assim é a mulher, seu trabalho é generoso, perigoso e
romântico. Sua carga é pesada, mas a humanidade pensou que valia a pena colocar
esse peso nas mulheres para manter o senso comum no mundo".
*****
G.K.
CHESTERTON. La mujer y la familia, Editorial Styria.Barcelona, 2006.
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