segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A EDUCAÇÃO POPULAR E O CATOLICISMO - UMA CARTA DE PAUL BOURGET

Meu querido colega; não posso dar melhor resposta ao seu questionário de que mandando-lhe algumas linhas do maior diagnóstico social que ainda foi feito sobre a França moderna:
“O homem não é bom nem mau, nasce com instintos e aptidões. A sociedade, longe de depravá-lo, como pretende Rousseau, o aperfeiçoa e torna melhor. Mas vem o interesse e lhe desenvolve as más inclinações.
O Cristianismo e sobretudo o Catolicismo, sendo um completo sistema de repressão das tendências depravadas e perniciosas do homem, é o maior elemento de ordem social. A instrução ou a educação ministrada pelas corporações religiosas é o grande princípio de existência para os povos, o único meio de diminuir a soma do mal e de aumentar a soma do bem na sociedade”.
Estas formulas tão nítidas são de Balzac e encontram-se no “Preface Genérale” da “Comédie Humaine”.
Este prefácio traz a data de 1842. A multiplicação dos crimes cometidos pelos jovens educados na atmosfera da França atual confirma a exatidão das suas conclusões, com as quais concordo absolutamente. Tudo tende a fazer pensar que o aumento da criminalidade se produz na proporção direta da diminuição da influência religiosa na escola e na família.
Daí procede que o único remédio eficaz seria renunciar a esta obra de laicização (assim se diz hoje), da qual nossos políticos se mostram tão orgulhosos, que a consideram como um título honorífico para si. Muito tempo transcorrerá antes de os acontecimentos os convencerem.
Mas a natureza não se cansa de obter os mesmos efeitos das mesmas causas, e esta repetição acaba por fim por iluminar as inteligências. Veremos também realizar-se o regresso à Igreja, predito também por Balzac no mesmo prefácio: “O Cristianismo criou os povos modernos e os conservará. Fora deste meio, todos os esforços para melhorar a moralidade juvenil serão inúteis”.
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*Publicado na Revista "A Cruz", de 29 de abril de 1928, n. 18 p. 4.

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