Meu querido colega; não posso dar
melhor resposta ao seu questionário de que mandando-lhe algumas linhas do maior
diagnóstico social que ainda foi feito sobre a França moderna:
“O homem não é bom nem mau, nasce com
instintos e aptidões. A sociedade, longe de depravá-lo, como pretende
Rousseau, o aperfeiçoa e torna melhor. Mas vem o interesse e lhe desenvolve as
más inclinações.
O Cristianismo e sobretudo o
Catolicismo, sendo um completo sistema de repressão das tendências depravadas e
perniciosas do homem, é o maior elemento de ordem social. A instrução ou a
educação ministrada pelas corporações religiosas é o grande princípio de
existência para os povos, o único meio de diminuir a soma do mal e de aumentar
a soma do bem na sociedade”.
Estas formulas tão nítidas são de
Balzac e encontram-se no “Preface Genérale” da “Comédie Humaine”.
Este prefácio traz a data de 1842. A
multiplicação dos crimes cometidos pelos jovens educados na atmosfera da França
atual confirma a exatidão das suas conclusões, com as quais concordo
absolutamente. Tudo tende a fazer pensar que o aumento da criminalidade se
produz na proporção direta da diminuição da influência religiosa na escola e na
família.
Daí procede que o único remédio eficaz
seria renunciar a esta obra de laicização (assim se diz hoje), da qual nossos
políticos se mostram tão orgulhosos, que a consideram como um título honorífico
para si. Muito tempo transcorrerá antes de os acontecimentos os convencerem.
Mas a natureza não se cansa de obter os
mesmos efeitos das mesmas causas, e esta repetição acaba por fim por iluminar
as inteligências. Veremos também realizar-se o regresso à Igreja, predito
também por Balzac no mesmo prefácio: “O Cristianismo criou os povos modernos e
os conservará. Fora deste meio, todos os esforços para melhorar a moralidade
juvenil serão inúteis”.
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