Gustave
Thibon
Ser
otimista ou pessimista ante a realidade da vida é uma alternativa sem sentido,
porque não existem nem o bem nem o mal absolutos. Sempre há margem para
melhorar a condição do homem.
Faz
pouco tempo, em Nova York, depois de uma conferência sobre o tema do mal no
mundo, um dos assistentes me perguntou boquiaberto: "Em definitivo, você é
otimista ou pessimista?". Lhe respondi que esta pergunta não tinha sentido
e que não se tratava de ser otimista ou pessimista a priori, senão de ver o bem
e o mal onde estão e tal como são, e sobretudo, trabalhar para vencer o mal com
a força do bem.
Há
um otimismo e um pessimismo tão vulgares e irrefletidos, porque julgam o mundo
desde nossa situação pessoal de momento. Si alguém está alegre, vê tudo cor de
rosa ao seu redor; e quando surge a menor contrariedade, tudo lhe parece
escuro. Bernanos dizia que o otimista é um imbecil alegre e o pessimista um
imbecil triste.
- Um único erro:
Estes dois erros opostos procedem de uma ausência de lucidez e do pecado de
tudo ser colocado em relação a um. Por isso ocorrem tão facilmente em um mesmo
indivíduo.
Conheço
um homem que gozou durante muito tempo de uma magnífica saúde ao passo que seus
negócios andavam de vento em polpa. "A vida é bela", proclamava
continuamente. Todos os enfermos lhe pareciam murmuradores e todos os
desafortunados nada mais que incapazes. Mas um dia conheceu ele mesmo a
enfermidade e as dificuldades materiais. Caiu então em um pessimismo absurdo,
repetindo sem cessar que o mundo é mal e que a vida não vale a pena ser vivida.
Esta
mudança de óptica se explica sem dificuldade. O homem que, agarrado apenas a si
mesmo, a sua própria sorte, permanece cego e insensível aos males dos outros,
se encontra desamparado no momento em que a dificuldade se abate sobre ele:
acaba aprisionado por esse mal que não havia sabido ver nem prever.
Assim,
depois de viver cego pela comodidade ao ponto de não ver o mal que o rodeia, o
homem continua cego para entender a desgraça até o ponto de não ver os bens que
lhe restam. Porque aqui embaixo, no âmbito temporal, não há mal absoluto: seja
qual for nossa prova, sempre conservamos algo - a saúde física, recursos
materiais, o carinho de nossos amigos mais próximos...- e se perdemos tudo,
ainda resta a esperança em Deus e na vida eterna.
- Paz interior:
Não esqueçamos, com efeito, que nossa paz interior depende menos dos
acontecimentos, que da interpretação deles; segundo a postura que tomemos, a
pior catástrofe pode ser para nós causa de desespero ou motivo de esperança.
Penso
neste momento em dois homens de minha região que, durante a segunda guerra
mundial, foram enviados ao mesmo campo de concentração. Um era crente e o outro
ateu. O primeiro, desacorçoado pela prova, perdeu a fé; o segundo, fortalecido
pelo sacrifício, voltou a religião.
Seguindo
esta linha de raciocínio, se desfaz o falso problema de otimismo e pessimismo.
É igualmente absurdo dizer que tudo vai bem ou que tudo vai mal: o que nos é
pedido é lutar sem descanso para que tudo melhore.
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