terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O MONOPÓLIO DA EDUCAÇÃO PELO ESTADO


Pe. Leonardo CASTELLANI (1899-1981)*.

Centralização significa a absorção de toda a atividade dos corpos intermediários e mesmo dos indivíduos pelo Estado. Esta absorção cresce desde a famosa francesada de 1789 até hoje, de modo que é possível dizer que hoje todos os Estados são tiranias. O maior ladrão de qualquer Estado é o Governo. O publicista Bertrand de Jouvenel, em seu denso tratado O Poder, compreende que essa absorção é inevitável no Estado; que o agigantar-se é essencial ao Estado. Deveria ter acrescentado a condicionante: a menos que outro não o impeça. Com efeito, a função natural dos poderes parciais e relativos (Família, Município, Grêmio, Dinheiro, Universidade, Exército) é limitar o poder, em si açambarcador, do Poder Central.
Hoje em dia o Estado faz de tudo, menos, às vezes, o que deveria fazer. De sapateiro a construtor de casas, o Estado se mete em tudo... Você não pode publicar um livro sem ter o Fisco em cima. O Fisco sangra toda a atividade produtiva e inclusive monopoliza a maior parte das atividades produtivas.
Mas onde o Estado se mostra mais zeloso e por isso mesmo mais danoso é no Monopólio do Ensino. O Estado é o mestre de part Dieu – que digo? -, é o Mestre dos Mestres, o Mestríssimo. Direta ou indiretamente é o que transmite a - chamemo-la assim – Educação, diretamente nas escolas ‘publicas’, indiretamente nas escolas mal chamadas ‘privadas’.
Esta aberração de o “Político” se meter a reger ou a fazer o que não lhe corresponde, sem aptidão, nós copiamos da Terceira República francesa e esta copiou de Juliano, o Apostata, com o fim de perseguir a Religião. Napoleão também o fez, mas com fim diverso. É o dogma mais acariciado do futuro Estado socialista e é o credo do Anticristo. Os pais têm o dever e o direito de educar seus filhos; a Igreja tem a missão de ensinar a religião. O Estado é político e não educador, a não ser para subjugar a educação à política, e nesse caso, à infidelidade. “Greve dos trabalhadores da Educação”. Este enunciado grotesco é a criada marota que se tornou como que a divisa do Estado Educador. Está acontecendo aqui o se passou na França, a saber: o Estado Anticlerical fundou a Escola Normal Superior, que devia forjar todos os mestres superiores, e reservou para si o poder de habilitar os mestres comuns. Queria fazer dos educadores os “soldados da República”, como se expressou Jules Ferry, ou seja, aqueles que inocularam nas crianças indefesas o laicismo e o anticlericalismo.
Com efeito, como resultado lógico ocorreu que os mestres se fizeram comunistas, e começaram a dar dor de cabeça à ‘República laica, una e indivisível’, com greve atrás de greve começando por pedir ‘aumentos de salário’...
Quando o dano ou o escândalo se torna intolerável, o Governo cede e aumenta os salários e os trabalhadores da Educação se reintegram ao trabalho de educar, depois de haver dado o mau exemplo de deseducar. ‘Os soldados da República’.
Aqui neste país, o monopólio da educação é responsável pela decadência da educação; e a decadência da educação é responsável, em grande parte, pela decadência da República.
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*Prólogo ao livro Nociones de comunismo para católicos, de Enrique Elizalde, In. Seis Ensayos y Tres Cartas, Buenos Aires: Ediciones Dictio, Buenos Aires, 1973, p. 142-144.


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