Com
o primeiro filho, constitui-se na família uma nova sociedade - a sociedade
parental ou paterna - que não é outra coisa senão a extensão e o complemento
natural do matrimônio. Daí a obrigação gravíssima dos pais educarem seus
filhos, educação que há de ser física, intelectual e moral, consoante a
natureza humana. Esta obrigação importa um direito inalienável dos pais sobre
os filhos, direito que não é propriedade, mas consiste na autoridade única e
exclusiva de educação. Dessarte, não deve Estado imiscuir-se em coisas de
educação, cumprindo-lhe apenas o dever de auxílio ou subsídio às famílias, no
que diz respeito à instrução da mocidade. Sejam os pais zelosos das suas
prerrogativas naturais, mas convém não esquecerem que, antes de qualquer
direito, existe o dever positivo ou natural, donde se origina o mesmo direito.
Antes do direito está a lei. E a lei natural impõe sobre os pais uma série de
compromissos, que bem se resumem na arte de educar os filhos. Educar um filho é
cuidar atentamente dele desde o seu nascimento até a sua maioridade; defendê-lo
de qualquer acidente corporal ou espiritual; desenvolver nele o vigor físico, o
espírito de iniciativa, o sentimento de responsabilidade; inspirar-lhe amor ao
trabalho, afeição à família, dedicação à pátria, estimulá-lo para o bem próprio
e comum - baseando todo esse trabalho magnífico no santo temor de Deus, que é o
princípio da sabedoria. A educação há de ser cristã, católica aliás, para
evitarmos equivocações. Não basta esse cristianismo suspeito, de que fazem
praça os hereges protestantes, e que diminui, ou destrói o santo temor de Deus.
Nem se devem contentar os pais com a moral bastarda, chamada independente ou
leiga, isto é, sem Deus. "Moral sem
Deus - dizia Napoleão -, justiça sem
tribunais". Formar bons católicos, preparar cidadãos úteis à religião
e à pátria é em que devem se ocupar principalmente os pais. E aqui vem a talho
a recomendação oportuníssima e necessária que fazemos aos pais para mandarem os
seus filhos ao catecismo, máxime se frequentarem as escolas públicas, onde não
há o ensino oficial da religião. Não podem descansar os pais, descuidando desta
obrigação. A melhor consolação para os pais na hora da morte será o terem
cumprido este dever. "Eu morro
contente - dizia à família, nos seus últimos momentos, Bussen, político e
notável homem de letras - eu morro
contente: neste momento solene para mim, minha maior consolação é ter procurado
com todas as minhas forças, fazer amar e adorar Jesus Cristo".
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*Artigo publicado na Revista A Cruz, Ano II, n. 1, Rio
de Janeiro, 19 de setembro de 1920.
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