Revista A Cruz, 22 de
abril de 1928.
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Há um axioma antigo
de pedagogia, segundo o qual os doentes devem repetir aos alunos os princípios
já ensinados, por que, assim, a força de ouvi-los amiúde, vinguem facilmente
gravá-los na memória ou assimilá-los na inteligência.
Também o Mestre
Supremo e Infalível da Verdade, uma vez por outra, se utiliza deste recurso de
método, como meio de defender e guardar inalterada a ortodoxia da fé. Foi o que
aconteceu, agora, na audiência ao Conselho dos Homens Católicos, de Roma,
diante dos quais Pio XI acaba de lembrar a existência de dois princípios, desde
muito normativos da consciência do mundo cristão.
O primeiro é o de
caber aos pais e não ao Estado, o dever de dar educação aos filhos, obrigação
esta inerente ao pátrio poder que os chefes de família devem cumprir em
harmonia com os interesses da sociedade. O segundo é a competência exclusiva da
Igreja no tocante ao ensino religioso, quer ministrado em forma de homilia,
quer de modo catequético à infância.
Se quanto à ultima
destas afirmações do Soberano Pontífice, ninguém há capaz de fazer reservas bem
fundadas, o mesmo não se dá em relação à primeiro, à qual muitos opõem uma tese
contrária.
O papel do Estado em
matéria de educação é de mera assistência, em que exerce apenas uma função
suplementar, por delegação tácita dos pais. Daí a exorbitância dos poderes
públicos, ao se arregrarem o direito de dar uma instrução em desacordo com os
sentimentos religiosos das famílias; daí a escola leiga, ou melhor, a escola
sem Deus, tudo sendo consequência natural, de uma tese que ora se generaliza.
Contra este
cerceamento de um direito natural, que os pais não podem abdicar de todo, sem
faltar à sua missão social, os premune a Sentinela Vigilante da Igreja de Jesus
Cristo.
E era necessário
fazê-lo; porque, se os chefes de família católicos, da Alemanha, acabam de
fazer diante do Reichstag, uma denodada e edificante reivindicação, ao se
tratar, ali, do problema escolar, o indiferentismo de muitos outros vai comprometendo,
em outros países, as crenças das futuras gerações.
Infelizmente entre
nós, os governos agem sempre discricionariamente quando tratam de um assunto
como este, de tanto interesse para a família.
O ensino leigo ou
monopolizado pelo Estado é uma das armas mais perigosas manejadas pelos
inimigos da nossa fé.
Contra ela, foi que
se levantou, agora, a voz de Pio XI, em aviso prudente e sábio ao Conselho dos
Homens Católicos, em Roma, voz cuja ressonância Deus queira impressione também
os tímpanos dos que nos leem.
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