terça-feira, 12 de junho de 2018

CULTIVAI O SENTIMENTO DA HONRA E FAZEI O BEM


“(...) cultivai o sentimento da honra e fazei o bem.
Cultivai a honra. Exortação altamente cristã que eu fui colher nos lábios de um grande Papa, "Agnosce, christiane, dignitatem tuam" ; lembra-te, cristão, da tua dignidade .
Acima de tudo, pequeninas bandeirantes, prezai a vossa dignidade de cristãs. Esta nobreza do coração é infinitamente mais preciosa que a aristocracia dos pergaminhos. Ela vos há de inspirar sempre a delicadeza de sentimentos. Delicadeza de sentimentos é aversão instintiva a tudo o que é vil e ignóbil, a tudo o que degrada, a tudo o que pode empanar a pureza das inteligências e orações, da imaginação e dos sentidos.
Delicadeza de sentimentos é ainda horror a tudo o que é trivial e comum, nos gestos, nas palavras, nas ações, nas atitudes.
Delicadeza de sentimentos é mais, é sensibilidade viva a tudo o que é belo, a tudo o que é grande, a tudo o que é nobre; é o desejo de dedicação e de sacrifício, o entusiasmo pelas grandes coisas, a generosidade em imolar-se pela felicidade dos nossos irmãos.
Cultivai assim a honra e a delicadeza dos sentimentos cristãos e tereis acendido a chama interior que alimentará a vossa caridade ativa que resume o vosso decálogo – o fazer bem. A bondade é de sua natureza expansiva. As almas boas irradiam o bem, naturalmente, como as flores exalam o seu perfume.
Irradiai o bem, em torno de vós, ativamente, continuamente, generosamente. Cada ação boa que fizerdes é mais uma alegria que sorri na terra, é menos uma dor que chora.
Do pecado, cedo ou tarde nascem lágrimas; só a virtude é mãe de felicidade verdadeira.
Felicidade no curso desta vida, envolvendo a consciência contra as vicissitudes dos acontecimentos, numa atmosfera interior de paz imperturbável. Felicidade na preparação ativa e eficaz de um futuro melhor.
Sai o semeador, pelos fins do outono e confia a sua pequenina semente à terra humilde e obscura.
Sobrevém o inverno. Aqui, nas nossas regiões montanhosas, a gaza de uma bruma espessa, além, em outras zonas, lençóis de neve parecem amortalhar tudo em fúnebre sudário. Mas o germe de vida não perece. Deixai que a natureza desperte aos primeiros sóis de primavera e vereis, como por encanto, os prados esmaltarem-se de flores, os pomares opulentarem-se de frutos, as searas acariciadas pela brisa, ondearem louras para a messe. E o lavrador, num olhar de complacência, contempla o fruto dos seus trabalhos e abençoa as fadigas que, num momento, lhe pareciam estéreis.
A quadra da semeadura é a vida presente. Com gesto esplêndido e liberal esparzi, ainda entre as lágrimas do sacrifício, as sementes das boas ações. Um dia, estai certas, estas lágrimas cristalizarão em brilhantes de fulgor inextinguível, estas sementes germinarão nos encantos de uma primavera eterna, nas opulências de um outono sem termo.
E neste dia que não conhecerá ocaso, entre os esplendores de uma vida melhor, abençoareis em hinos de reconhecimento e de amor a hora bendita em que vos filiastes entre as bandeirantes do Sagrado Coração de Jesus onde aprendestes a praticar a virtude com fidelidade desinteressada, com entusiasmo sem intermitências, com a nobre generosidade das almas profunda e sinceramente cristãs .
Rio, 5-IX-1927
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Padre Leonel FRANCA. A formação da personalidadeRio de Janeiro: Agir, 1954,  p. 242-244.
Pe. Leonel Franca (1893-1948)

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