"Todos, até as mães mais devotadas, não
terão feito tudo o que podiam, tudo o que deviam ter feito. Exceto uma talvez:
a que estava de pé, ao lado da Cruz. E não fora fácil, aquele filho misterioso,
que aos doze anos se esconde no templo e responde asperamente aos pais: "Por
que me procuráveis?" E agora, que ela o via na Cruz, ela desejava também
uma chance. Não que o Filho sobrevivesse: ela sabia que fizera tudo, e que tudo
deveria mesmo se cumprir. Mas o que ela queria era ter sabido antes, para ter
antes começado a chorar. "Se ela tivesse sabido - diz PÉGUY -, ela teria
chorado sempre, chorado toda sua vida, chorado antecipadamente, chorado de
reserva. Ela não teria sido traída surpreendida pela dor..." Teria chorado
em Belém e em Nazaré, no templo e na rua. Teria feito uma provisão de lágrimas".
*****
Dom Marcos Barbosa. Uma chance,
Revista A Ordem, n. 05, Maio de 1951, p. 267-268.
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