terça-feira, 17 de abril de 2018

JORGE DE LIMA


No crepúsculo indeciso da tarde que morre ouvimos das “Ondas Sonoras” de uma irradiação uma voz que prenunciava: o poeta está morrendo... rezando...
Nesse instante senti, e percebi ser a alma de meu caro professor Jorge de Lima que se aproximava da eternidade. Ele que cantou em versos magistrais o tempo e a eternidade deixava o tempo, a atualidade com todas as suas ilusões e se revestia das galas da oração para a entrada triunfal da eternidade.
Em seus poemas cantava a despedida da poesia:

“Senhor Jesus,
Onde é que vou buscar poesia?
Devo despir-me de todos os mantos,
os belos mantos que o mundo me deu.
Devo despir o manto da poesia.
Devo despir o manto mais puro.
devo despir-me do que é belo,
devo despir-me da poesia,
devo despir-me do manto mais puro
que o tempo me deu, que a vida me dá”.

Realmente ele trocou a túnica inconsútil da poesia pela imortalidade da alma na essência esplendorosa do amor infinito.

Para o azul silencioso
a alma de Jorge de Lima
sobe...
Ele buscou conforto à sua dor
no coração de Deus
que transcende amor...
eterna vida!
Não quis fonte humana...
esperou...
Amou e confiou
na sublime promessa do Nazereno!

E o poeta abraçado ao crucifixo,
unido ao seu Jesus morreu
Rezando...
*****
Leonila Linhares Beuttenmüller. In A Cruz,  Ano XXXVI, n° 1.920,Rio de Janeiro, 27 de Dezembro de 1953, p. 5.
(Jorge de Lima - 1893-1953)

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