No crepúsculo indeciso
da tarde que morre ouvimos das “Ondas Sonoras” de uma irradiação uma voz que
prenunciava: o poeta está morrendo... rezando...
Nesse instante senti,
e percebi ser a alma de meu caro professor Jorge de Lima que se aproximava da
eternidade. Ele que cantou em versos magistrais o tempo e a eternidade deixava
o tempo, a atualidade com todas as suas ilusões e se revestia das galas da oração
para a entrada triunfal da eternidade.
Em seus poemas cantava
a despedida da poesia:
“Senhor Jesus,
Onde é que vou buscar poesia?
Devo despir-me de todos os
mantos,
os belos mantos que o mundo me
deu.
Devo despir o manto da poesia.
Devo despir o manto mais puro.
devo despir-me do que é belo,
devo despir-me da poesia,
devo despir-me do manto mais puro
que o tempo me deu, que a vida me
dá”.
Realmente ele trocou
a túnica inconsútil da poesia pela imortalidade da alma na essência esplendorosa
do amor infinito.
Para
o azul silencioso
a
alma de Jorge de Lima
sobe...
Ele
buscou conforto à sua dor
no
coração de Deus
que
transcende amor...
eterna
vida!
Não
quis fonte humana...
esperou...
Amou
e confiou
na
sublime promessa do Nazereno!
E
o poeta abraçado ao crucifixo,
unido
ao seu Jesus morreu
Rezando...
*****
Leonila Linhares Beuttenmüller.
In A Cruz, Ano XXXVI, n° 1.920,Rio de Janeiro, 27 de
Dezembro de 1953, p. 5.
(Jorge de Lima - 1893-1953)
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