quinta-feira, 13 de setembro de 2018

UM POEMA DE RIBEIRO COUTO


Queixa da moça arrependida
Ribeiro Couto (1898-1963)*

A São Francisco de Assis
Fui pedir perdão na igreja
Por ter matado os ratinhos.

Meus brocados do Oriente!
Meus panos de seda antiga!
Tudo roíam, roíam...

Só São Francisco de Assis,
Que de bichinhos e panos
Desde menino entendia,
Só São Francisco de Assis
Me perdoar poderia.

Chegando ao altar do santo,
nem bem me ajoelhara, vi
Que um rato os pés lhe roía.
O santo olhava e sorria.


*Poema publicado no Diário de Notícias (RJ), edição 7787 de 14 de março de 1948.







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