O
coração que desabrocha é o que há de mais belo na criança. Il est si beau l'enfant avec son
doux sourire (V. Hugo). Que candura naqueles olhos inocentes. Como sustentam abertos
e serenos e sem pestanejar o olhar penetrante e investigador das mães que
descem até às profundezas da alma! Que espontaneidade de sentimentos, que
sensibilidade e que ternura! Belo, porém, como uma rosa que desabrocha, o coração infantil é delicado como um lírio. Para conservar-lhe a candura virginal, só uma
atmosfera religiosa. Longe dos olhos de Deus, longe da hóstia imaculada, não se
conservam puros os corações. Bem cedo, o vício precoce passa, como o vento
abrasado do deserto crestando toda aquela vida em primavera. Nos olhos empana-se
o brilho da inocência; morre-lhe nos lábios o sorriso da alegria, o coração
fecha-se numa melancolia taciturna. A alma já não encontra entusiasmos que
ecoem simpáticos aos sentimentos nobres.
Padre Leonel Franca. A formação da personalidade, Rio de Janeiro: Agir, p. 31.
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